Pessoas com Diversidade de Género em Portugal: Uma Breve Análise ao BemEstar Psicológico e aos Ambientes Familiar e Social
DOI:
https://doi.org/10.51338/rppsm.555Palavras-chave:
Pessoas transgénero, Identidade de Género, Minorias Sexuais e de Género, Disforia de Género, Saúde MentalResumo
Introdução: Pessoas transgénero experienciam vários desafios de vida, frequentemente por familiares ou pares, que pode levar a múltiplos desafios à saúde mental.Métodos: Dados os desafios familiares e sociais em pessoas com diversidade de género e o seu impacto na saúde mental, a necessidade por uma breve descrição destas condicionantes surgiu. Assim sendo, construiu‑se um questionário original e, posteriormente, foi cedido a diferentes profissionais e organizações que contactam com pessoas transgénero. Subsequentemente, estes parceiros aplicaram o questionário a pessoas que cumpriam os seguintes critérios: autoidentificam‑se como uma pessoa transgénero, têm 18 ou mais anos de idade e residem em Portugal. Isto foi feito para tentar englobar o maior número possível de pessoas transgénero adultas que pudessem contactar com os serviços de saúde portugueses e para ter uma noção geral sobre o seu fundo familiar, social e psicológico. Ao ter uma noção global sobre estes assuntos, esperamos informar a comunidade clínica, impactar a avaliação clínica e promover uma relação empática com o utente.
Resultados: Relativamente à tolerância para a diversidade de género, verificou‑se que aumentou substancialmente da infância e adolescência para a vida atual; também se constatou que, quando o agregado familiar da pessoa trans não é tolerante, os pares também não são, e vice ‑versa (p=0,023). Quanto aos tópicos de género e sexualidade, há uma diferença importante entre quantos jovens trans pensam sobre estes tópicos e quantos dos seus agregados, pares e escolas falaram sobre os mesmos. Em relação à saúde mental, constatou‑se que a ansiedade, depressão e questões suicidas permanecem significativamente presentes entre pessoas trans; contudo, uma identidade de género não‑binária pode ser um fator protetor.
Conclusão: Desafios à saúde mental mantém‑se prevalentes entre pessoas trans, sejam sentimentos de ansiedade, depressão, questões suicidárias ou dificuldades familiares ou sociais. Este artigo pretende consciencializar para estes desafios e promover uma melhor relação entre profissional de saúde e utente. Também pretendemos impactar a prática clínica, nomeadamente para fazer uma distinção precoce entre um caso de diversidade de género ou disforia de género, identificar potenciais alvos e objetivos terapêuticos, e formular um plano terapêutico juntamente com o utente.
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